Saúde dos Oceanos e Pesca Artesanal

Você sabia que o período entre 2021 e 2030 foi batizado pela ONU como a Década dos Oceanos?

Isso se explica pela necessidade de conscientizarmos a população sobre a importância deles, e unir entidades e pessoas em prol de ações que mudem esse cenário de perda de biodiversidade e prejuízo a saúde de nossas praias e mares.

A situação é extremamente preocupante e a mudança de cenário é urgente. Para isso, precisamos entender que o planeta está todo conectado, que o ciclo das águas vai do continente aos oceanos e que o que fazemos em nossa cidade também está relacionado a eles. Portanto, o que consumimos, as escolhas que fazemos e o conhecimento que propagamos tem papel fundamental na mudança que queremos construir.

Não sei se você sabe, mas em 2015 um pacto global por um mundo mais sustentável foi traçado com o fim de alcançar um futuro melhor para a Terra. Deste pacto, durante a Cúpula das Nações Unidades sobre o Desenvolvimento sustentável, foram definidos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Dentre eles, o de número 14 é o Vida na Água: “Conservar e usar de forma sustentável os oceanos, mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável”.

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Mas como a Olha o Peixe fala de sustentabilidade e futuro dos oceanos, promovendo o fortalecimento da pesca artesanal, que é uma atividade de extração de recursos marinhos?

Para isso é importante olharmos a sustentabilidade pelas lentes de seus 3 pilares: ambiental, econômico e social.

Economicamente, a pesca artesanal fortalecida e estabelecida no mercado traz a possibilidade de geração de renda descentralizada, isto é, dividida entre milhões de pescadoras e pescadores do Brasil, que trabalham sem vínculo empregatício, geralmente em relação familiar ou vicinal, com foco na subsistência e no mercado local, e com baixo uso de tecnologia. Ou seja, apoiar a pesca artesanal é priorizar a redução da desigualdade econômica, o fortalecimento da economia local e o acesso a um mercado mais justo.

Socialmente, priorizar a pesca artesanal é contribuir com a manutenção de tradições passadas há centenas de anos de geração em geração no litoral brasileiro, raiz de diversas culturas importantes no país, que tinham como base uma relação harmoniosa e de co-dependência com a natureza. Ainda, é hoje uma das formas de dar protagonismo a mulheres pescadoras e jovens na construção de uma nova realidade no mercado pesqueiro.

Sob o ponto de vista ambiental, o poder de captura da pesca artesanal é consideravelmente menor que da pesca industrial. Por exemplo, sabe-se que embarcações industriais, operadas por poucos pescadores, vinculados a grandes empresas pesqueiras (com foco em exportação e mercado nacional), realizam pescarias de dias e podem armazenar em seus porões mais de 100 toneladas de pescado. Essa quantidade corresponde a mais do que o capturado pelas centenas de embarcações artesanais de Pontal do Paraná no período de 3 meses!

Além da capacidade de captura e armazenamento, a pesca artesanal tem menor área de atuação e um foco em maior diversidade de espécies na comercialização. Matematicamente, quanto maior a diversidade de espécies-alvo e menor o poder de captura, menor a mortalidade das espécie e maior a possibilidade de reprodução, caracterizando-se como mais sustentável.

É certo que qualquer pescaria terá impacto e que a cada dia precisamos ter uma gestão pesqueira mais eficiente e responsável. Por isso, a Olha o Peixe não trabalha com espécies ameaçadas de extinção, respeita os períodos de reprodução das espécies e atua na divulgação de conhecimentos como esse.

Pesca de Tainha

A pesca só terá possibilidade de se manter de pé se coexistir com um oceano saudável.

Nesse ano de 2022, declarado como o Ano Internacional da Pesca e Aquicultura Artesanal pela FAO (braço da ONU para assuntos de alimentação), precisamos dar mais visibilidade a este setor, responsável pela segurança alimentar de centenas de comunidades tradicionais. Por isso, trabalhamos em convergência com a Meta 14.b da ODS 14:

“Proporcionar o acesso dos pescadores artesanais de pequena escala aos recursos marinhos e mercados.”

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Que tal nos ajudar a disseminar esse conhecimento, adaptar nossos hábitos e construir a mudança para oceanos mais saudáveis?

Escrito por:

Bryan Renan Müller

Oceanógrafo e Mestre em Sistemas Costeiros e Oceânicos

Diretor Executivo e Fundador da Olha o Peixe!

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